terça-feira, outubro 05, 2004

MESA in concert



I - Dois anos de MESA

Descobri-os há cerca de dois anos na Antena 3 com "Divagadora" e desde logo apreciei o som electro-pop da banda e particularmente a voz cristalina da vocalista Mónica Ferraz.

Em finais de Maio do ano passado, quando lançaram o CD homónimo, fui logo comprá-lo e foi a minha banda sonora desse verão.

Ao electro-pop de "Divagadora", descobri no meio de um CD de pop quente o som jazzy de "Tinta Invisível" ou então o introspectivo "polegar; o movimento".

Não sei porquê mas em certas alturas faziam-me lembrar o primeiro trabalho dos Clã...

Para mim uma coisa era certa, desde a descoberta dos "The Gift" que não via algo tão interessante na cena musical lusa.

Assim, fiquei com vontade de os ver ao vivo mas por uma razão ou por outra, escapou-me sempre tal oportunidade.

Até agora. Tal como diz o ditado, "Se Maomé não vem à montanha...vêm os Mesa a ela!" e ei-los em Estarreja, à mão de semear.

II - A Antecipação

Tinha alguma expectativa relativamente ao concerto, não só porque nunca os tinha visto ao vivo, mas também porque tinha curiosidade em saber da dimensão actual dos "MESA" e de como é que eles transformariam o seu som "pop-quente" em concerto.

O próprio público deixava-me curioso, quem e quantos iriam ver "MESA"?

Seria apenas a Betada toda de Estarreja? Tinha a secreta esperança de tal não acontecer, afinal deviam estar todos na Torreira a aproveitar a "ponte"...não se perdia muito, afinal esse pessoal vai para concertos mais preocupado com a copofonia (eles) e o corte e costura (elas) do que com os concertos em si.

III - O Concerto


Chegado ao local do concerto com a meia-hora de atraso portuguesa da praxe, noto bastante pessoal à porta da mega-tenda onde os "MESA" vão tocar, muitos mais do que os que estão lá dentro.

Neste momento já dá para verificar que o público é uma mescla bastante interessante de Teens, Murtoseiros interessados (quem é que disse que só se interessavam com a Adelaide Ferreira?!?), Renegados Alternativos (essa raça com tendencia a sair da terra à primeira oportunidade), Amigos do Poder e Pintarolas ("há uma festa no centro, acho que são os Mesa, é um grupo novo....vamos então ao baile beber uma cerveja!").

Pouco tempo depois soam os primeiros acordes e começa o concerto com um instrumental onde a guitarra eléctrica tem o lugar principal e dá o mote para o que será este concerto.

O instrumental tem o condão de acordar o público, que por esta altura enchia o recinto.

Desde essa altura que os "MESA" tiveram o público na mão, oferencendo aos convivas presentes um prato bem equilibrado, com a dose certa de Rock n' Roll n' Guitarras contrabalançado com Pop fluente e trauteável, por vezes dançável, mas também estimulante e reflexivo, agradando assim a gregos e troianos (leia-se público alternativo e mainstream) e deixando todos com a sensação que desgustaram algo refinado.

Os pontos altos foram "Luz Vaga" e "Esquecimento", onde perante a aparente suepresa da vocalista, o público entoou o refrão das músicas, demonstrando assim que as mesmas não tinham caído no Esquecimento...

Deu inclusivamente para tocarem músicas novas, a incluir num segundo album, delas merece destaque "Arrefece", que mais uma vez fez-me lembrar os Clã...

No Encore tivemos direito a duas repetições, precisamente de "Luz Vaga" e "Esquecimento", deixando no final a banda o palco debaixo de um forte aplauso do público.

Sejam sempre benvindos a Estarreja, exmos "MESA"...

IV - O Balanço

Foi um bom concerto, onde o público correspondeu e até a timidez natural da vocalista ("Não gosto de falar, prefiro que a música fale por mim..." - Mónica Ferraz) desapareceu para no final brincar com o público ("Se forem bonzinhos cantamos mais uma!) .

O Concerto serviu também para perceber que a banda está num crescendo de popularidade e que num segundo trabalho poderá chegar ao reconhecimento de uns Clã.

E por falar em Clã, as pistas deixadas pelas novas músicas indicam uma mudança de rumo para um som mais apimentado com guitarras que lhes proporcionará um som mais fácil de ser assimilado pelo mainstream pop-rock nacional.

Como aliás fizeram os Clã no seu segundo trabalho...(mas porquê esta minha fixação com os Clã?!?!?)

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