"...os princípios políticos e os planos para uma acção específica acabaram por perder a maior parte da sua importância. A personalidade do Candidato e o modo por que ele é lançado pelos peritos de publicidade são as coisas que realmente contam.
De qualquer maneira, sob o aspecto de um homem viril ou de um pai amável, o Candidato deve ser fascinante. Deve ser também um bom conversador que nunca aborrece a assistência. Habituada à televisão e ao rádio, esta assistência está acostumada a ser distraída e não gosta que lhe peçam que se concentre ou faça um esforço intelectual prolongado.
Todos os discursos feitos pelo conversador-Candidato devem, portanto, ser curtos e incisivos. As grandes questões do momento devem ser tratadas, no máximo, em cinco minutos - e de preferência (dado que a assistência estará impaciente por passar a qualquer coisa de mais atraente do que a inflação) em sessenta segundos.
Devido à natureza da oratória, houve sempre entre os políticos e os eclesiásticos a tendência para simplificarem as questões complexas. De um púlpito ou de uma tribuna, até os oradores mais conscenciosos acham muito difícil dizer toda a verdade."
in "Regresso ao Admirável Mundo Novo", Aldous Huxley - 1959
quinta-feira, fevereiro 17, 2005
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