segunda-feira, junho 06, 2005

"Já conheço gente a mais..."

Foi a resposta que ouvi à pergunta: "Posso conhecer-te?" (1)

Enquadremos esta deixa:

No meu primeiro desfile académico, andava com um amigo (também caloiro) na pesca de mulherio, quando chegamos perto de duas Vets de outro curso e fizemos a pergunta-anzol (1).

Uma ficou calada, a outra disse: "Não, já conheço gente a mais...Não levem a mal mas já não me interessa conhecer mais gente."

Perplexos com a resposta, despedimo-nos das Veteranas e lançamos outra vez o anzol a umas caloiras que entretanto passavam.

Um ano passou sem que trocassem uma palavra connosco, nem sequer um Bom Dia ao passar no corredor. Até que...

Certa noite (já era mais manhã...) estava com o mesmo colega, desta vez à saída da Disco e sem boleia...E um pouco aflitos, afinal a nossa casa distava uns 6 kms...

Estávamos a perguntar aos nossos botões por uma saída para a situação quando ouvimos uma voz:

- Estão aí a fazer o quê?

O meu colega responde à pergunta, admirado pela Vet se lembrar de nós...

- Entrem aí!

Olhei para ele para ter a certeza do que ouvia...Mas aproveitámos a boleia, claro!

No final agradecemos ao que ela respondeu de forma desconcertante:

- Não fiz mais que a minha obrigação, conheço-vos de vista, vi que estavam apertados, ajudei-vos! Vocês fariam o mesmo por mim.

- Faríamos? - pensei, Mas se ela nem nos dirige a palavra...

No dia a seguir passou por mim e limitou-se a esboçar um sorriso.

Na altura não entendi bem o sucedido, hoje entendo melhor.

Muitas vezes há pessoas que passam por arrogantes por parecer desprezar novos conhecimentos. Não é desprezo. É não sentir a necessidade de ter novos relacionamentos, têm um grupo de amigos e ficam-se por ali. Isso basta-lhes. Foi o que sucedeu com ela.

Tal não é necessáriamente negativo, pois como ficou demonstrado neste caso, há muita gente de bom coração assim, o problema é se os amigos que se perdem não são substituídos por outros novos.

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