Lurdes tinha 16 anos e vivia numa aldeia beirã perdida no meio da serra. Bonita, morena, com longos cabelos pretos e olhos negros e intensos, contava os dias dos primos da França chegarem.
Ainda faltam 19 dias... - dizia, olhando para o calendário da Auto-Mecânica na oficina do pai.
Bem, não eram os primos que ela queria ver, era mais o Hervé, o primo mais velho com 20 anos bem vividos em Paris, no Quartier Latin, Montparnasse...
Sempre que vinha, ele falava-lhe do que por lá fazia e mostrava fotografias, muitas delas tiradas de noite, plenas de luz e movimento.
Através delas ela imaginava viver num mundo diferente do seu, da sua aldeia e até mesmo da vila onde ia às aulas. Sonhava um dia também ela seguir para Paris...
Mas o que queria mesmo era que chegasse o dia 13 de Agosto, dia em que o seu primo de pele pálida a beijasse (na cara claro...) e dissesse o seu nome como só ele sabia:
- Lourrdess, como estás?
Enquanto contava os dias lembrava-se que em pequena pensava que o nome dele eram duas letras, "RV", tão ingénua que era...Não podia ser, pois não?
Os dias passaram, os últimos pareciam arrastar-se...
Pouco faltava para eles chegarem. E a festa na aldeia em honra de Nossa Senhora do Carmo estava já aí...
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