domingo, setembro 11, 2005

1 dia, 1 disco - 1994

Filhos da Madrugada cantam José Afonso



1994, ano de mais uma boa colheita da MMP, começando no funeral(1) dos BAN, o trabalho mais fora dos Ena Pá 2000(2), o fenómeno comercial Viagens de Pedro Abrunhosa, o OMNI(3) Amai de Paulo Bragança(4), o descolar do Rap em Portugal com a colectânea Rapública(5) e finalmente o disco que escolhi para representar este ano de boa safra, Filhos da Madrugada.

Este projecto surgiu no âmbito dos 20 anos da Revolução de 25 de Abril e juntou 20 bandas surgidas depois da Revolução para cantar Zeca Afonso num CD Duplo com o seguinte alinhamento estelar:

Disco 1
1. Maio maduro Maio - Madredeus
2. Coro dos tribunais - G.N.R.
3. A formiga no carreiro - Sitiados
4. Os Índios da Meia-Praia - Vozes da Rádio
5. Venham mais cinco - Tubarões
6. O Homem da gaita - Peste & Sida
7. Canto Moço - Ritual Tejo
8. Vejam Bem - Delfins
9. Canção de embalar - Diva
10. Era um redondo vocábulo - Opus Emsemble

Disco 2
1. Coro da Primavera - Xutos & Pontapés
2. Cantigas de Maio - Sétima Legião
3. Chamaram-me Cigano - Resistência
4. Traz outro amigo também - Entre-Aspas
5. O avô cavernoso - Mão Morta
6. Que o Amor não me engana - Frei Fado D'el Rei
7. O que faz falta - Censurados
8. Ronda das mafarricas - Brigada Victor Jara
9. A Morte saíu à rua - UHF
10. Senhor Arcanjo - Essa Entente
11. Grândola vila morena - Colectivo


O projecto teve grande sucesso, com sucessivos singles e originou um interesse da geração posterior ao período revolucionário em José Afonso, na pessoa e na sua obra. O projecto teve o ponto alto num concerto em Alvalade(6) com o disco a ser tocado na sua totalidade, tendo havido várias actuações de destaque, nomeadamente Maio, Maduro Maio pelos Madredeus, Os Índios da Meia-Praia pelas Vozes da Rádio, Cantigas de Maio pela Sétima Legião e A morte saíu à rua numa interpretação brutal de António Manuel Ribeiro dos UHF, tendo ainda havido lugar a surpresas, tais como Sérgio Godinho + Sitiados cantando Fernando Pessoa.

Fica aqui um excerto do trabalho, para quem quiser conhecer ou relembrar o concerto a administração deste estabelecimento tem um exemplar em VHS do concerto.


(1) - "Num Filme Sempre Pop", best of da banda.
(2) - "És muita linda", trabalho que ficou na memória pela capa e pela "Atitude" de General Zé, Rapper alentejano e criador do Rap Rural, convidado especial dos Ena Pá. Já agora sugiro uma visita ao Candidato Presidencial Manuel João Vieira.
(3) - Objecto Musical Não Identificado.
(4) - Nele Paulo Bragança propôs-se misturar Fado com electrónica (e não só), saindo daí um som inovador se bem que incompreendido por muitos.
(5) - Depois do obscuro "Portukkkal é um erro" de General D, este trabalho deu a conhecer o Rap feito em Portugal, muito graças a "Nadar" dos Black Company de Guto, mas outros elementos aqui presentes teriam sucesso no futuro, como Boss AC e Melo D, este último então integrado nos Family tendo depois transferido-se para os Cool Hipnoise.
(6) - Que teria direito a transmissão na RTP1.

Sem comentários: