Hoje de manhã estacionei o carro perto da Marginal de Espinho, local que pensava livre de arrumadores, quando vejo ao longe um exemplar a dirigir-se a mim.
Pronto! Já vou perder uma moedinha!... - pensei.
Fechei o carro e comecei a andar numa elipse que interceptava a trajectória do Gestor de Espaços numa dada coordenada.
Chegado ao momento de intersecção o arrumador diz-me:
- Já falta pouco pró eclipse!...
Pois falta... - respondi. Entretanto já tinha introduzido a mão no bolso esquerdo qual pistoleiro de dedo no gatilho. Só que neste caso a bala era a moedinha...
- Falta muito pra ele vir?
- Não, aí uns vinte minutos...
- Ahm...Não se pode ver directamente, pois não?
- Não...Tem de ser com uns óculos especiais...Está a ver os óculos daquele senhor ali?
(Apontei para um casal nos cinquentas com um exemplar de óculos made in JN)
- Sim, sim...
- Pronto, é com aquilo que vemos...
- Ah.....
(Silêncio ensurdecedor)
Bem, olhe...bom eclipse! - disse eu.
- Pra si também!...
Alguns metros mais tarde olhei para trás e vi o arrumador a olhar fixamente o casal anteriormente referido que se entretinha a ver por entre os filtros oculares a dança entre a Lua e o astro solar.
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