quinta-feira, dezembro 01, 2005

Um sonho com Deus - 1º Capítulo



Jurandi, 30 anos, era um imigrante brasileiro que vivia em Mem Martins num T2 com a mulher, com Nilson, um amigo de longa data, e mais dois compatriotas. Na altura dos acontecimentos aqui descritos, Jurandi trabalhava num restaurante lá para os lados de Benfica.

Tudo corria normalmente na vida de Jurandi até ao dia 27 de Novembro de 2005.

Nesse dia Jurandi adormeceu e saiu de casa tarde e a correr para apanhar o autocarro 87 que o levaria até ao restaurante.

Levaria, mas não levou, pois Jurandi foi assaltado a caminho do autocarro, levaram-lhe a carteira, telemóvel, as calças e o casaco de marca, e até as sapatilhas Nike.

Em trajes menores e perante o olhar curioso dos transeuntes, Jurandi regressa a casa desanimado.

Quando abre a porta do apartamento ouve uns gemidos vindos do seu quarto. Estranha a situação e abre a porta de repente.

O espectáculo que encontra custa-lhe a acreditar, Nilson e a sua mulher na maior sacanagem!

Jurandi passa-se e começa aos berros insultando a sogra e chamando pelo orgão sexual de Nilson, enquanto se encaminha para os dois amantes apanhados.

- Pô cara, pera aí, vamo falar, vamo conversar...

- Que conversar, que conversar?!? Seu canalha, enquanto eu andava trabalhando, tu tava comendo minha mulher!....

- Amor, não é nada do que você está pensando...

- Calada sua **** (profissão mais velha do mundo), você pensa que eu sou trouxa, é? Você acha que sou veado manso?

- Amor....

Nisto Jurandi avança para eles e os dois esquivam-se nús ao marido traído, deixando-o sozinho no quarto...

Jurandi choraminga um pouco sentado na beira da cama, enquanto pensa na vida para alguns minutos depois recompôr-se e começar a vestir-se enquanto pensava numa maneira de justificar o seu atraso ao patrão.

Depois de sacar o dinheiro que a mulher tinha na carteira dela e o seu telemóvel, telefona a um taxi e espera desesperadamente por ele.

Esperou, esperou...Taxi, nada.

Quando finalmente apareceu, o taxista pediu desculpa pela demora pois tinha furado um pneu e com isso tinha-se atrasado.

Quando Jurandi chegou ao restaurante, viu um cara novo mas não ligou, ele queria era justificar-se diante do patrão, procurou-o, mas do patrão não havia sinal, até que um colega lhe deu a má notícia:

O patrão, irritado com o atraso de Jurandi, telefonou ao angariador de brasileiros a pedir outro que o substituísse no Restaurante.

Jurandi ficou sem saber o que fazer, apetecia-lhe vingar-se em alguém, mas como estava ilegal, tal acto podia levá-lo de volta ao Brasil.

Depois de sair do restaurante e deambular sozinho chorando pelas avenidas anónimas, indiferente aos quase atropelamentos que ia sendo vítima, encontra uma loja especializada em produtos de leste.

Entra e no final compra uma garrafa de litro e meio de vodka puro. Jurandi não era de apanhar pifos, mas nesse dia estava por tudo. Assim, sentou-se numa encosta e ao mesmo tempo que tentava perceber o que lhe tinha acontecido, bebia e em desespero perguntava aos céus:

- Porquê, meu Deus, porquê?...Me diga porquê!...

Depois de uns valentes goles, Jurandi adormece....

(continua no 2º e último capítulo)

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