Biblioteca: Arena de ódios e amores, espaço onde as emoções estão ao rubro
As bibliotecas são vistas pelo comum dos mortais como locais frequentados por ratos de biblioteca idênticos ao tótó dos Morangos com Açucar e viciados em Net demasiado pelintras para não ter o vício em casa, para além de terem funcionárias admiradoras secretas d' Il Duce.
Nada mais falso, quem não frequenta não está a par das verdadeiras lutas de poder que elas proporcionam aos Ulisses de biblioteca. Eu que o diga...
Para mim Sexta-Feira é dia de Público, Y e Inimigo Público. Quando o tempo é curto para leituras, compro o jornal para ler ao Sábado, mas quando tenho oportunidade, faço como hoje, vou à biblioteca ler o Público e seus anexos, aproveitando ainda para dar uma vista de olhos ao DN.
Isto quando a coisa corre bem.
E é aqui que a Odisseia começa, porque quando corre mal e o Público está nas mãos de alguém, há que esperar e depois ser lesto a pedir o jornal a quem o acabou de ler e enquanto se espera, lê-se o DN, o JN, o Blitz ou outra coisa qualquer.
Só que...Há umas semanas atrás a coisa correu mal.
Quando cheguei à biblioteca, notei que o Público estava nas mãos de um senhor dos seus 70 anos.
Bem, vamos ler então o DN... - pensei.
Enquanto lia o DN, espreitava para o homem sempre à espera que ele acabasse de ler, mas em vez disso vi-o imóvel, sem mexer uma página. Aliás, sem se mexer.
- Será que está a dormir? - interroguei-me, enquanto procurava ver se ele tinha os olhos abertos.
Estava quase a acabar de ler o DN quando finalmente vejo-o folhear o jornal.
- Aleluia, deve ter acordado e daqui a pouco vai pôr o jornal no sítio...
Nada disso, depois de folhear ficou de novo imóvel.
Aproveitei e fui buscar outro jornal (Blitz), enquanto olhava fixamente o homem por forma a tentar perceber o que se passava, mas não cheguei a nenhuma conclusão, ele parecia uma figura de cera do Madame Tussaud's.
Esperei mais um tempo enquanto lia o Blitz e nada...ele limitou-se a folhear umas duas vezes o jornal e estava ainda nas páginas centrais.
Já com a noite a pôr-se, farto de esperar e stressado com a situação, fui-me embora.
Mas ontem vinguei-me...Estava a ler o Público quando vejo-o chegar e sentar-se ao meu lado, fazendo ao mesmo tempo barulhos ranhosos com a garganta.
Deixei-me estar e antes que ele tentasse espreitar o jornal, inclinei o jornal por forma a que não o visse e dediquei-me a ler TUDO o que o jornal tinha, mesmo os anúncios do Prof. Karamba, Dr. Kabumba e Arq. Machamba...
sexta-feira, janeiro 20, 2006
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