Em miúdo ouvia o meu avô falar da história dos Trauliteiros e de como em tempos da I República tentaram implantar uma Monarquia na região Norte de Portugal, referindo vários pormenores contados por sua mãe, nomeadamente uma batalha que opôs a republicana Estarreja à monárquica Salreu.
Fiquei sempre curioso em saber mais sobre essa revolta monárquica e depois de várias descobertas sobre esse período, decidi fazer aqui uma breve resenha desse tempo.
Estamos em 1919, a Europa acabou de sair da I Guerra Mundial e os países aliados preparam-se para impôr às potências vencidas o Tratado de Versalhes, o qual obriga a Alemanha e seus aliados ao pagamento de pesadas indemnizações, as quais seriam um dos motivos da crise que motivou a ascensão ao poder em 1933 de um tal Adolf Hitler...
Mas estamos ainda em 1919 e em Portugal a crónica crise económica foi agravada pela Guerra, que retirou mão-de-obra e fundos à jovem República.
A política continuava conturbada como sempre, o Presidente Sidónio Pais é assassinado na Estação do Rossio em Dezembro de 1918, sendo eleito para o substituir Canto e Castro, um líder com pouco carisma para um país necessitado de pulso firme e reformas urgentes.
1919 começa com uma revolta a 12 de Janeiro em Santarém, a qual é destroçada pelo Exército.
A 18 desse mês, Egas Moniz chefia a delegação portuguesa na Conferência de Paz de Versalhes.
No dia seguinte, 19 de Dezembro, a Monarquia é proclamada em Lisboa e no Porto. Organiza-se uma Junta Governativa do Reino dirigida por Paiva Couceiro, que declara o estado de sítio em todo o território continental. O movimento ficará conhecido por "Monarquia do Norte", ou Traulitânia.
No espaço de uma semana a revolta é subjugada em Lisboa e organizam-se Batalhões para reconquistar o Norte do país. Durante três semanas o país vive um clima de Guerra Civil terminando a insurreição a 13 de Fevereiro quando as tropas governamentais entram no Porto.
O rio Antuã foi neste período testemunha de uma batalha entre republicanos de Estarreja e monárquicos de Salreu, que segundo os antigos, até meteu canhões...
Para além das palavras do meu avô, infelizmente não tive acesso a mais pormenores da batalha acima referida. Se alguém tiver mais alguns dados sobre este momento invulgar da história estarrejense ficaria muito grato que me contactasse para assim poder divulgar mais sobre o mesmo...
terça-feira, janeiro 17, 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário