Ontem estive a ver na SIC Notícias um Velho do Restelo anunciador do Apocalipse, chamado Medina Carreira, que pintou um quadro negro sobre a situação actual do país e do mundo, lamentando a incapacidade dos governos para lidar com a crise que todos os dias nos entra pela televisão e nos sai da carteira.
No entanto, apesar de discordar do cenário depressivo e sem esperança, também acho que terão de haver alterações muito significativas no nosso quotidiano para que as coisas melhorem, sob pena de acabarmos numa realidade à Mad Max.
Estaremos prontos para abdicar de certos benefícios que damos por adquiridos?
Neste momento temos três crises diferentes, mas com pontos de contacto e que irão mudar radicalmente o nosso futuro:
- A crise ambiental ligada ao Aquecimento Global;
- A subida imparável dos combustíveis;
- A crise alimentar derivada do aumento da procura de géneros alimentícios e do uso de biocombustíveis.
Por sua vez, estes três "cavaleiros da desgraça" estão interligados, não sendo possível combater apenas um deles, se não vejamos:
- A resolução da crise alimentar depende da estabilização dos climas para que as colheitas sejam produtivas e depende também do grau de utilização dos recursos existentes em biocombustíveis;
- Já para resolver a crise dos combustíveis, precisamos de apostar em novas fontes de energia, entre elas os biocombustíveis, ao mesmo tempo que se deve gastar os recursos existentes de forma mais eficiente;
- Finalmente, para controlar o Aquecimento Global precisamos de emitir menos gases nocivos, logo utilizando combustíveis menos poluentes, bem como acabar com a deflorestação selvagem, bem patente na Amazónia, com o pretexto da produção de Etanol.
Se tudo correr bem e enfrentarmos de forma global estes problemas, teremos de nos mentalizar de algumas coisas:
- A mobilidade não será a mesma, pois para combater as emissões de CO2 os navios e aviões terão de consumir combustíveis mais refinados e caros, originando um aumento elevado do preço das viagens e transportes, enquanto a viatura pessoal será mais cara, seja por via do aumento constante dos combustíveis, ou então pelo preço elevado de aquisição das chamadas viaturas ecológicas (movidas a electricidade, hidrogénio, etc);
- A subida do custo de vida nos países ditos desenvolvidos sem correspondência nos salários vai levar a uma deterioração da paz social e irá pressionar a classe média, pois os descontentes serão muitos e (E agora um pouco de lirismo) será necessário que certas classes sociais abdiquem de alguns benefícios sob pena da conflitualidade social com as classes menos favorecidas ser insuportável e acabarmos todos numa espécie de Venezuela gigante.
E em Portugal?
Bem, para além de tudo o que foi dito acima, o nosso país enferma ainda de outros problemas, como a febre consumista, mais próxima dos big-fat-americans do que de europeus responsáveis e que nos deixa cada vez mais endividados. Além disso e 34 anos depois do fim da ditadura, sofremos ainda de alguns daí derivados, como a pouca mobilidade social e o deficiente sistema de educação. E de Justiça. E de Saúde...
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