Num ano forte da MMP em que uma série de bandas ligadas ao concurso de música Rock Rendez-vous surgem nos escaparates (Mler Ife Dada, Pop Dell'Arte, Radar Kadafi), e outras editam discos marcantes (Rádio Macau, Sétima Legião e Trovante), escolhi como representante de 1987 o primeiro disco do projecto musical mais bem sucedido em Portugal, os Madredeus.
Foi em 86 que Pedro Ayres Magalhães (Herois do Mar) e Rodrigo Leão (Sétima Legião) juntaram-se para fazer um projecto de música de raiz popular, então ainda sem nome. Convidaram o acordeonista Gabriel Gomes, colega de Rodrigo nos Sétima Legião e o violoncelista Francisco Ribeiro. Composta a parte instrumental, faltava quem desse voz à música.
Após várias audições(1), é escolhida Maria Teresa Salgueiro que fazia parte dos Ameni e que também cantava fado.
E começaram as gravações do primeiro disco...Ainda sem nome definitivo, tal como o projecto.
O trabalho foi gravado na Igreja do antigo Convento da Madre de Deus, em Xabregas, tendo a música instrumental um lugar destacado neste disco, atingindo metade do seu repertório, havendo ainda uma música dedicada a António Variações (A Sombra), a conhecida Vaca do Fogo e ainda a bela O Meu Amor Vai Embora. Assim nasceu Os Dias da MadreDeus.
Este álbum obteve um grande sucesso junto da crítica e do público em Portugal e no estrangeiro(2), devido às canções serenas e plenas de uma portugalidade intrínseca, mas ao mesmo tempo lembrando música religiosa (de câmara) e universal (world music) .
(1) - Quem conseguisse cantar melhor "A Sombra" (tema que fazia parte do filme "De Uma Vez Por Todas" de Joaquim Leitão) era aceite.
(2) - Em Dezembro de 1988, os Madredeus deslocam-se a Bolonha a convite da delegação portuguesa à Bienal dos Jovens Artistas do Mediterrâneo e a internacionalização da banda continua em Junho de 1989, com a participação do grupo no Festival da Juventude em Pyongyang, na Coreia do Norte(!).
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