Lurdes esperava na varanda e tentando avistar o carro dos tios. Quando viu o Peugeot subindo a ladeira, desceu as escadas com pressa ao mesmo tempo que dizia:
- Mãe, mãe, os primos já chegaram!...
Esperou-os no portão e acenou-lhes quando chegaram, com o sorriso ornamentando a sua face. Ao ver passar o carro pela entrada, os seus olhos brilharam ao ver o primo Hervé sorrir-lhe.
Depois dos cumprimentos da praxe aos tios e prima, Lurdes aproxima-se do primo e sente o coração bater desenfreado.
- Lourrdess, como estás? - perguntou Hervé ao mesmo tempo que dava dois beijos na face da prima.
- Bem... - respondeu Lurdes, de mãos encostadas uma na outra e cabeça baixa.
- Tenho uma coisa parra ti...
- O que é?... - perguntou Lurdes levantando a cabeça com um sorriso.
- Já vaiss verr... - respondeu Hervé num tom de gozo.
- Quando? Quando é que vou ver?
- Dêpois do jantarr...
- Só?!?!?! Mas eu quero agora!...
- Ah ah ah...Só dêpois do jantarr...
- Anda lá...dá-me...Ao menos dá-me uma pista!...
- Ah ah...Êsperra...
Depois de um jantar farto em que se falou de tudo um pouco, da doença do Ti João Pedreiro, de Portugal, da França, dos incêndios, do pomar de maçãs da Ti Rosa, dos magrebinos, da retraite ("Vais pá retrete?!?!" ah ah ah...) do tio, entre outras coisas, Lurdes não parava de olhar para o primo, o qual participava na conversa dos adultos enquanto olhava pelo canto do olho para a prima.
Dez e meia da noite. Enquanto os velhos viam a bola na TV, Lurdes esperava Hervé na varanda e enquanto o fazia, via a Lua brilhar lá em cima tanto como os seus olhos cá em baixo.
Ela ouve passos subindo a escada, olha para trás e vê o primo.
A tua irmã? - Pergunta-lhe.
- Foi dórrmirr...Êstava cansada e entom...
- Está bem...Trazes um saco...Tens aí a minha prenda?
- Sim...Mas antêss tens dê fecharr os olhos....
- Está bem, está bem...
- Nada dê esspreitarr!
De olhos fechados Lurdes esperava o momento em que o primo lhe desse a prenda...Até que sente um barulho seguido de um clarão e assustada, abre os olhos e vê Hervé empunhando uma máquina fotográfica.
É para mim? - perguntou agradavelmente surpreendida.
- Sim...Gostas?
Sim, claro!... - responde Lurdes ao mesmo tempo que se dirige a ele.
- Obrigado primo...
De seguida dá um beijo algo demorado na face de Hervé a agradecer.
Sentam-se os dois na escada e metem a conversa em dia, as aulas dela, as aventuras dele em Montparnasse...
Passada uma hora, Hervé levanta-se, diz estar cansado da viagem e precisar de dormir bem, ao que Lurdes pergunta:
- Que vais fazer amanhã?
- Amanhan? Bom, non sei...Acho que os meus pais von parra o rio...
Nós também! Então vamos almoçar juntos!...- respondeu, acrecentando: - E levo a máquina!
Já na cama Lurdes olhava para a janela vendo o escuro da noite lá fora enquanto lembrava o dia...E assim adormeceu.
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