domingo, outubro 09, 2005

Autárquicas 2005 - Do Geral para o Particular I



Geral - Nacional

- O PSD ganhou, o PS perdeu à Esquerda e à Direita, a CDU recuperou élan, o PP eclipsou-se e o BE ficou a milímetros de onde estava.

Ao contrário das Legislativas, onde quem governa por norma é penalizado nas eleições seguintes, nas Autarquias quem está no poder beneficia de tal facto. Esse foi o grande bónus do PSD, tendo a maioria das Autarquias em sua mão, seria difícil ao PS conseguir conquistar o maior número de Câmaras. Bastaria a Marques Mendes reconduzir os Presidentes de Câmara. Foi o que sucedeu na maioria dos casos. E não só. As coligações PSD/PP aumentaram em número, o que por simples aritmética levou à conquista de mais algumas Autarquias.

Estas eleições não eram faceis ao PS. Não bastava serem eles a tomar o papel de alternativa ao poder instituído, como também seria certo que haveria eleitorado a penalizar o PS pelas medidas impopulares do Governo. Como se as coisas já não estivessem difíceis assim, o Aparelho Socialista decidiu dar vários tiros no pé ao eleger cabeças de lista como Carrilho/Guimarães ou João Soares. Mais valia entregarem as Câmaras de imediato ao PSD. Poupava-se dinheiro. Alguns adeptos da Teoria da Conspiração dizem que é uma maneira de Sócrates limpar a casa queimando alguns advesários. Talvez. Assim se percebe o apoio a Soares.

A nova CDU nascida com Jerónimo de Sousa, uma espécie de Comunismo-chinês-de-rosto-humano recuperou algumas Autarquias, invertendo assim a sangria que vinha sofrendo no poder local e confirmou que a CDU e o PCP estão para lavar e durar. Mesmo que de comunistas só tenham o nome. Nada de novo, afinal PSD e PS fazem o mesmo...

Duas leituras podem ser feitas dos resultados do PP: Com e Sem coligações. Com são vencedores em diversos locais, mesmo que só de nome. Sem, pouco há a contar de positivo tirando Campelo em Ponte de Lima (o bom filho à casa torna) e Maria José Nogueira Pinto em Lisboa. Apesar de uma campanha cordata, bem organizada e onde foram focados vários pontos importantes, algo falhou. Talvez a culpa seja do voto útil. Talvez. No resto foi a razia, Corvo, Oliveira do Bairro e Marco de Canaveses foram à vida sem apelo nem agravo.

O BE ficou na mesma em termos autárquicos. Salvaterra de Magos e um ou outro vereador. As expectativas também não eram grandes mas não deixa de ser curioso verificar como a votação do BE nas Legislativas foi superior, principalmente no voto urbano.


- Dos Intocáveis só Avelino perdeu.

Qual o denominador comum entre Valentim, Isaltino e Fátima Felgueiras que levou os três a ganhar e faltou a Avelino?

"Nós". Os três que ganharam já tinham sido Presidentes de Câmara na Autarquia a que concorriam e mal ou bem, os eleitores conheciam-nos e consideravam-nos um deles.
Um filho da terra. E a um filho perdoa-se tudo. Mesmo o desrespeito à Lei.

Foi o que faltou a Avelino, o factor "Nós". Visto como um elemento estranho a Amarante, se calhar até alvo de chacota pelo que fazia no Marco, Ferreira Torres não tocou nos corações dos Amarantinos. E aí não há populismo que o valha.

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