sábado, outubro 15, 2005

O Senhor do chapéu



O senhor do chapéu foi uma imagem que acompanhou a minha vida desde...sempre, digo eu.

Mas comecemos pelo princípio, quem é (foi) o Senhor do chapéu?

Tal como Marques Sardinha e Maria Barbuda em seu tempo, o Senhor do chapéu era uma personagem típica de Estarreja, mais precisamente de Salreu, cujo chapéu à Cowboy e laço de tamanho desmesurado, próprios de um Golias bíblico, eram a face visível da sua extravangancia.

Conta a lenda que teve uma juventude atribulada, cheia de romances e aventuras, as quais resultaram em cerca de 16 filhos de várias mulheres.

Muitas vezes passava em Salreu e via-o de chapéu e laço, às vezes montado numa pasteleira, outras a pé, mas sempre de sorriso malandro de quem já aprontou (2) muita coisa na vida...

Assim foi durante muitos anos, aquela imagem acompanhou-me quando ia ao folar, depois passou a ser o primeiro sinal de descanso e regresso ao ninho quando vinha das semanas académicas...

Entretanto a pasteleira foi substituída por uma bengala também ela avantajada, mas o sorriso mantinha-se intocável sempre que subia para o centro da Vila.

A vida profissional e o corre corre diário obrigou a que raramente o visse, mas a imagem do senhor do chapéu mantinha-se na minha mente.

Quando comecei o 7M, uma das minhas ambições era saber mais sobre aquele homem, entrevistá-lo até, mas por falta de tempo, coragem ou por qualquer outra suburbanidade, adiei sempre esse dia.

Até saber do seu falecimento.

Para além da tristeza sentida, pensei que há ideias e objectivos que não podem esperar para sempre.


(1) - Como dizem os nossos irmãos brasileiros...

1 comentário:

Anónimo disse...

Venho aqui "alterar" algumas afirmações menos corretas. Este senhor era meu bisavô, e teve mais de 30 filhos, sabia da existência apenas de 30 filhos. Foram 7 mulheres, foi pedreiro de profissão e quando terminava as suas obras assinalava um coração atravessado com uma seta e a data de acabamento da obra. Morreu aos 92 anos em 2005. Foi um dos grandes impulsionadores da Banda Visconde de Salreu onde tocou cerca de 2 a 3 décadas. O famoso laço foi junto dele no caixão e nunca desvelou o segredo pelo qual o usava desde jovem.