Por vezes ouço alguns lamentarem o facto da era digital que veio com o MP3 ter retirado alguma magia à audição de música, pois perdeu-se o conceito do "disco", o suporte físico onde um projecto musical expunha as suas ideias.
Digamos que a música desmaterializou-se, deixou de fazer sentido encher as estantes de CD's ou Vinis, muitos dos quais só teremos ouvido com atenção uma ou duas vezes.
Esse exercício que consistia em ver a fonoteca de alguém para aferir os gostos dessa pessoa passou a efectuar-se em frente ao ecrã de um computador.
Mas esta nova era ajudou também a democratizar as fonotecas de cada um, pois esta deixou de estar dependente da disponibilidade financeira do seu dono...
Por isto e por outras razões não guardo grandes saudades da era analógica do Séc XX.
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2 comentários:
Por esse lado é realmente muito bom a divulgação musical. Por outro lado, a cada dia que passa, eu me pergunto se a democratização da informação está valendo a pena.
Tudo hoje é barato (mas sem qualidade), e a cada dia tudo é mais fácil. Tudo é barato e fácil, e onde irá ficar o desejo, a emoção, a dificuldade em se conquistar algo?
É bom lembrar que o maior índice de suicídios (não sei se ainda é) do mundo era ou é na Suiça, um dos maiores PIB's e um lugar onde não existem pobres.
Será realmente que ter tudo fácil e barato vale a pena?
E se tudo e todos podem consumir a vontade... será que teremos recursos na natureza que irão durar eternamente?
Abraços!
A democratização do acesso à Informação e Cultura só nos dá maior responsabilidade em filtrarmos o que nos interessa e deitar fora o lixo.
Já essa dúvida do ser fácil e barato valer a pena pode levar-nos muito longe, pois se à partida é preferível essa situação, por outro lado torna-nos preguiçosos e incapazes de combater a adversidade.
(Ena, isto está muito filosófico, às tantas no próximo comentário ainda vem para aqui alguém a citar Sócrates ou Platão)
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