
Agora que gozamos os últimos dias de liberdade antes de nos tornarmos em mais um protetorado
alemão da UE, pus-me a pensar como é que chegamos a este ponto. A resposta mais fácil e conveniente seria atribuir a culpa toda aos políticos, pois esse é o bode expiatório mais comum mas, não deixando de ser em parte verdade,em rigor eles só estão lá porque foram eleitos.... A "chatice" que as democracias têm é essa, não podemos apenas sacudir a responsabilidade para os governantes e assim lamentar o nosso destino no papel de vítimas inocentes, longe vão os tempos em que os monarcas portugueses "enterravam" o ouro do Brasil na construção de palácios e catedrais, ao mesmo tempo que outros iniciavam aquilo que se chamaria de
Revolução Industrial... Nós enquanto povo tivemos a responsabilidade de eleger e perpetuar no poder quem
enterrou o "ouro" que nos foi oferecido pela Europa para construir Auto-Estradas, Estádios de futebol e outras obras públicas que no futuro serão tão inúteis como foram no passado os referidos palácios e catedrais. Pode até dizer-se que
Portugal dá-se mal com períodos de abundância, pois basicamente não sabe o que fazer com o dinheiro, lembra aqueles que por sorte lhes sai a lotaria e depois de um período de festa e esbanjamento sem acautelar o futuro, acabam ainda pior do que estavam antes do prémio. Depois de Portugal entrar no Euro, entrou-se numa onda de consumismo brutal, dando a ilusão que de repente éramos todos franceses ou alemães...Muita gente se endividou na compra de casa, modelos da BMW, Audi e Mercedes passaram a estar entre os carros mais vendidos e os padrões de consumo/esbanjamento não pareciam ter limite, bastava ver os
Shopping's nascendo como cogumelos na paisagem. Já com a crise declarada e endividados até ao tutano, os
tugas continuaram embriagados pelo dinheiro fácil e a gastar como se não houvesse amanhã... Um dia isto teria de acabar. Agora com a vinda do FEEF/FMI, sente-se que as pessoas estão a acordar para a ressaca dos excessos cometidos, deparando-se com o fim do dinheiro fácil e o início de uma nova era. Há dias, um colega de trabalho queixava-se que o final do mês nunca mais chegava e que teria de ter cuidado nos seus gastos com alimentação até receber novo salário. Sabendo que o salário dele até era bem razoável, inquiri-o: "Então para onde foi o dinheiro?" E ele respondeu-me: "São as prestações da casa, do carro, as mensalidades da TV cabo, ginásio, etc." Depois de esmiuçar esse "etc.", ficaram evidentes onde estava o esbanjamento, uma noitada no Casino que ficou na módica quantia de 150 €, a prestação (75€) do empréstimo que fez para as férias no México, a compra de um jogo novo (50€) para a Nintendo... Só aqui foram 225 € gastos em coisas acessórias, o que juntando a todas as outras despesas (e não são poucas...) deixa pouca margem para aquilo que deveria vir em segundo lugar, a Alimentação (Em primeiro, claro está, está a Saúde). Com cada fim há sempre um início, assim pode ser que este
tratamento de choque nos faça retomar alguns bons hábitos que tínhamos antes da entrada na CEE, isto desde que o garrote não nos asfixie e já agora...Que a moda dos bigodes fique
bem enterrada nos anos 70/80 ou nas novelas da TVI!
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