quarta-feira, abril 27, 2011

Para onde vais, Europa?




Agora que a extrema-direita se torna numa força a ter em conta em mais um país europeu (Finlândia), questionei-me porque é que esta onda de extremismo populista e xenófoba alastra pela Europa como se fosse uma epidemia, contaminando até povos amantes da liberdade como os holandeses ou franceses.

A resposta poderá estar na falência ideológica e na falta de capacidade de resposta dos partidos políticos mais ao centro e pertencentes ao chamado "Arco do Poder".

Depois décadas de prosperidade, a generalidade dos países europeus vê-se num ponto em que as velhas fórmulas económicas já não conseguem fazer nada face à globalização (1) e onde o futuro se mostra cada dia menos risonho.

Ao contrário de outras alturas de crise, a classe política europeia deixa muito a desejar, parecendo demasiado permeáveis a sondagens e lobbies mais ou menos obscuros, isto quando não se tem o azar de ter um Primeiro-Ministro anedótico como Berlusconi, não é?

Perante este cenário de fraqueza dos partidos mais ao centro, as pessoas tendem em votar nos líderes que não associam ao poder e são contestatários, subindo assim a popularidade dos partidos mais extremistas, especialmente os de direita, pois os de esquerda vivem ainda colados a teorias demasiado utópicas e desajustadas da realidade para seduzir os desencantados.

Assim, muitos votam na extrema-direita mais como se fosse um voto de protesto contra a "velha política" dos governantes e não por concordar (na totalidade pelo menos) com o que estes partidos advogam.

E eis-nos chegados a este ponto, onde um pouco por toda a Europa, desde a França, passando pela Holanda, Bélgica, Hungria até a Finlândia florescem partidos nacionalistas e radicais, pondo em causa o projeto europeu.

Chegou o momento da verdade da UE. Ou conseguimos passar esta fase má com maior integração (Não só económica mas também social e cultural), ou então a União Europeia tal como a conhecemos terá os dias contados, resistindo o esqueleto (Alemanha e países satélites), deixando os restantes países entregues a si próprios.

(1) - Globalização: Teoria que torna menos pobre a maior parte da população dos países menos menos desenvolvidos, ao mesmo tempo que enriquece uma percentagem ínfima da população desses países e empobrece a classe média nos países desenvolvidos.

2 comentários:

António Conceição disse...

O problema é que a Europa, isso a que chamam Europa, nunca existiu. Era um subproduto da guerra fria que se tornou inútil com a queda do muro de Berlim e que está hoje completamente obsoleto. A Europa acabou. Ponto final. A ideia de que é possível recuperar qualquer ideia de integração é - como foi sempre - uma fantasia.

kimikkal disse...

O futuro o dirá, mas se tal acontecer, fica a pergunta: "E Portugal, em que pé fica?"