segunda-feira, dezembro 31, 2012

Ano Novo, Vida Nova



Agora que 2012 está dando os seus ultimos suspiros, impõem-se fazer o balanço do que foram os trezentos e tal dias passados e pensar no que serão os seguintes.

No meio deste ambiente crise real, que nos faz ter saudade em que o português se queixava de barriga cheia, ficamos com a impressão que poucos vão sair a ganhar deste processo, ficando a maioria condenada à sobrevivência ou em alternativa ao desterro noutro país.

A primeira coisa que nos ocorre ao pensar nisto é procurar os culpados desta situação, a qual vai desembocar obrigatóriamente nos políticos. Sim, aqueles seres bem falantes que elegemos para nos representar e, muitas vezes, também para nos roubar (BPN, faça o favor de levantar a mão).

É certo que muitos não merecem essa fama, mas ultimamente parece que estamos entregues a uma série de  inaptos e vilões tirados dos filmes de James Bond, tendo estes abafado a boa vontade dos políticos que ainda lutam contra as forças do mal.

Mas para falar de tristezas já temos os 101 comentadores da comunicação social que nos regurgitam o que se passa na nuvem mediática.

Não, este texto não serve para falar de um certo Portugal que está desaparecendo, das empresas que nos faziam sentir orgulho em viver aqui e já não estão entre nós, dos programas que acabam na RTP, deixando atrás de si um vazio que nenhuma SIC ou TVI conseguirão preencher.

Nem de um possível desmantelamento de uma série de serviços do Estado (TAP, Lusa, RDP, RTP, etc) que contribuem para o orgulho nacional.

Também não é sobre as amarras cada vez mais ténues que nos prendem a este país, do sentimento que o país está a recuar anos, ao conflito de emoções que ocorre quando nele pensamos, nem sobre as qualidades e defeitos que temos como nação e exportamos quando daqui saímos, em resumo, da falta de perspectivas.

Não. Hoje é sobre pequenas notas que fui apontando ao longo do ano e que espero contribuam para a mudança de ciclo que o próximo trará.

Uma coisa boa que a idade  me deu foi a capacidade de fazer a minha vida sem depender de humores alheios. Já passei essa fase e ainda bem! de procurar a aprovação dos outros, f*** them!

Quando uma mulher diz "não", muitas vezes pode estar a dizer "talvez" ou "sim, mas pede de outra maneira". Já eles quando lhes respondem "sim", muitas vezes querem é apenas que elas se calem;


Os melhores momentos da vida? Os de convívio e partilha com quem nos é querido;


As crianças são como pequenos carregadores de bateria, pois vivendo ainda sem os filtros de adulto, enchem o outro de carinho e atenção, algo que os idosos carecem imenso;

A distância potencia a saudade e valoriza quem está ausente.

Esperemos que 2013 seja o início de um novo ciclo, agora que este se aproxima do fim.


Bom Ano Novo!



quinta-feira, outubro 18, 2012

Hara-kiri


Como de costume o Verão prolongou-se por Setembro e com ele as nuvens negras pendentes sobre Portugal pareciam esfumar-se com os ventos de mudança vindos do FMI, BCE e da União Europeia, a famosa Troika que por essa altura começou a aperceber-se que a austeridade em doses cavalares fazia o efeito contrário ao pretendido, levando-os a tornarem-se mais tolerantes quanto a prazos e políticas de crescimento.

E o que fez Pedro Passos Coelho (PPC)? Bem, o nosso PM em vez de aproveitar a onda de mudança e renegociar o empréstimo que a Troika nos fez, inventou o agravamento da TSU em 7%!

"Isto vai permitir o aumento da competitividade das nossas empresas!" - Disse PPC, convencido de que tinha reinventado a roda.

Só que esta ideia genial, por certo cantada por António Borges ao nosso PM, conseguiu a proeza de irritar por igual empresários e trabalhadores, cidadãos da esquerda à direita, em suma, virou 99% da população contra o aumento da TSU, levando a uma manifestação espontânea a 15 de Setembro onde cerca de um milhão de pessoas (10% da população!) manifestou o seu repúdio pela medida.

Aparentemente surpreendido por tal reacção negativa e com a coligação governamental em perigo (Paulo Portas não é parvo), PPC lá recuou a contragosto na medida do agravamento da TSU.

E o que fez saltar a tampa a tanta gente? Simples, anteviram o que vinha aí: Perda de poder de compra, quebra acentuada  nas vendas das empresas, mais desemprego, etc. Isto em troca de uma mão cheia de  nada...

Então e não haveria consequências positivas? Só se antevia uma, que seriam as empresas exportadoras terem uma redução marginal nos custos, mas isso também poderia ser obtido com uma redução da TSU só para elas (Desde que Berlim desse o seu aval, claro...), o que obrigaria a medidas menos gravosas para a financiar.

Mais grave ainda, o aumento da TSU passava ao lado do grande desígnio do país, que é pagar o empréstimo da Troika, ou seja, ao tirar parte da contribuição para a Segurança Social de um lado para sobrecarregar o outro, nominalmente esta medida teria efeitos nulos no combate ao défice e seria assim independente das medidas de taxação sobre o rendimento que agora estão na berlinda, aumentando ainda mais a quebra de rendimento para os trabalhadores (7% da TSU+4% do aumento de escalão de IRS+Sobretaxa...), a recessão e o aumento do défice.

Tudo isto contribuiu para a situação pantanosa em que nos encontramos, depois de anos a ouvir os nossos políticos dizerem que não éramos a Grécia (Faz lembrar quando os marroquinos dizem aos turistas: "Não somos fanáticos como na Argélia!"), onde os partidos do governo não se entendem, os da oposição não têm alternativas de jeito, as reformas económicas são uma miragem, os escândalos de corrupção nascem como cogumelos e a população oscila entre a resignação revoltada e a revolta resignada, só nos falta surgir uma Aurora Dourada para completar o quadro...  

 Não acreditam? Os gregos também eram tendencialmente de esquerda, também vieram de uma ditadura fascista e ainda por cima sofreram horrores nas mãos dos nazis...

...Agora têm um partido neonazi no Parlamento. Basta esta situação em Portugal prolongar-se mais um, dois anos e veremos o PNR a crescer, aliás, não é coincidência os cartazes desse partido estarem cada vez mais disseminados, nem me admiraria que adoptassem entretanto as tácticas da Aurora Dourada, como uma Sopa dos Pobres só para os nacionais e outras medidas populares entre as camadas mais desprotegidas da população.

Afinal a cartilha para obter apoio popular dos extremistas tanto é válida na Palestina como na Grécia ou em Portugal...Basta ter as condições certas e passá-la à prática.

sexta-feira, setembro 21, 2012

Filosofia barata

Se um Ignorante comprar um BMW, passa a ser um Ignorante com um BMW.

Agora se esse Ignorante decidir usar o dinheiro do BMW para ganhar Conhecimento e Cultura, então ele passa a ser "Alguém que até sabe umas coisas".


E o que fizeram os nossos governantes nos últimos 20 anos? Investiram em Auto-Estradas, Estádios e outras megalomanias, esquecendo que isso por si só não garante desenvolvimento.

Tal como o Ignorante com o BMW, o país continuou o mesmo, mas agora com o fardo de ter de pagar o que comprou...

sexta-feira, julho 27, 2012

O empréstimo da Troika explicado a Dummies



Imaginemos que um conhecido vosso tem um restaurante e vem ter convosco desesperado a pedir dinheiro, pois já mais ninguém lhe empresta.


Vocês até aceitam emprestar mas, sabendo que o restaurante não é bem gerido, naturalmente apresentam condições, afinal, vocês não são a Santa Casa da Misericórdia e gostavam de reaver esse dinheiro, de preferência com juros, certo?

No meio dessas condições, é natural que vocês façam algumas exigências de mudança na gestão do restaurante que, na vossa condição de outsider, iria ajudar a gerir melhor o restaurante e originar as tais receitas que lhe fariam pagar o empréstimo.

Agora imaginem que o vosso conhecido, que passarei a chamar de Senhor X, ao saber das condições do empréstimo, começa a disparatar dizendo que vocês querem mandar nele e que querem é roubá-lo...

O que é que vocês pensavam logo? Se calhar algo do tipo: "Chiça, que este além de pobre, é mal agradecido!", nascendo na vossa mente muitas dúvidas sobre se ainda queriam emprestar o vosso rico dinheiro a gente tão ingrata.

Estão a ver a analogia entre este caso e o empréstimo da Troika, não estão?


"E o que é que eu tenho a ver com isso?!?!? Não fui eu que pedi dinheiro ao estrangeiro! Eu até nem tenho dívidas...Se nunca as tive, porque é que agora tenho de levar com estas medidas todas de austeridade?!?!?" - Poderão estar agora a pensar alguns de vós.

Voltemos então ao Senhor X.

O Manecas tem 12 anos e é filho do Senhor X e também ele está a sofrer com os problemas do restaurante do pai, pois se antes recebia uma Playstation nova sempre que saía um modelo novo, agora que o restaurante só dá dores de cabeça, os pais do Manecas nem jogos novos lhe dão, quanto mais uma Playstation a estrear...

É injusto? É, até porque não foi ele que pôs o restaurante a perder dinheiro e, no entanto, também ele está a ver as suas expectativas goradas por algo em que ele não teve influência.

Mas o mundo seria bem mais injusto com o Manecas se tivesse nascido no Sudão ou na Etiópia onde ele estaria condenado logo à partida a uma existência bem mais difícil, onde pior do que chegar ao fim do dia e não ter uma Playstation é chegar ao fim do dia e não ter o que comer...É tudo uma questão de perspectiva.

"Então e agora? O que é que fazemos com o empréstimo da Troika?"


Agora temos as mesmas opções que o Senhor X, ou nos queixamos que as (poucas) entidades que estão dispostas a emprestar-nos dinheiro são más e fazemos birra à espera que a tempestade passe, ou então arregaçamos as mangas e vamos à luta, aceitando o dinheiro e respeitando as condições que nos foram impostas.

Se aceitarmos a segunda opção e as coisas correrem bem, melhor para todos, quem emprestou recebe de volta o seu dinheiro, de preferência com juros, quem recebeu fica livre do aperto em que andou e sem dívidas, tendo ainda a vantagem de agora ter uma economia (Ou um restaurante, no caso do Senhor X) rentável e com futuro.

Já se as coisas continuarem a correr mal, há que demonstrar ao(s) credores que mesmo cumprindo escrupulosamente as instruções dadas, o problema continua e que é necessário fazer mudanças para melhorar a situação.

E no meio do mau que é continuar a precisar do dinheiro de quem empresta, a partir do momento em que as medidas dos credores não mudam a situação, a posição do devedor acaba por ser menos desconfortável, pois se antes tinha de ouvir dos credores que "Só deves dinheiro porque não sabes governar-te", agora sempre pode responder: "Sim, que as vossas panaceias também ajudaram muito..."

Co-responsabilização - É essa a palavra mágica.


A partir deste momento, não só é do interesse do devedor sair do aperto, como o próprio credor entende que não vai ser tão fácil assim recuperar o dinheiro e torna-se mais tolerante no que toca a variáveis como prazos, valor da dívida...E isto se quiser recuperar o que já emprestou.

"Então e quanto à corja de aldrabões que nos pôs nesta posição? Não se faz nada?!?"


Bem, voltemos ao restaurante do Senhor X. Para sair do buraco em que se meteram e voltar a ganhar dinheiro, para além de melhorar a gestão do mesmo (comprar mais barato com a mesma qualidade, p/ ex.), é preciso também saber se houve desvios ocultos (vulgo roubos), como por exemplo saber se não havia ninguém a "desviar" garrafas de espumante reserva para beber em casa, se o homem da padaria não se fazia pagar de 100 e só entregava 80, se não haveria clientes a comer "à pala...", tudo isso são custos que obstam à recuperação do restaurante e que se impõem descobrir e, acima de tudo, acautelar para que de futuro não volte a acontecer.

"Então e é assim? Não se castiga quem já comeu estes anos todos à conta do Orçamento (de Estado)?"


Bem, se conseguirmos evitar no futuro estes desvios ocultos (vulgo roubos), já seria muito bom, pois isto aqui não é a Islândia e como sabemos o Bom é inimigo do Óptimo.

Donos de Portugal - O documentário que todos deveriam ver

Depois de descobrir neste documentário certas coisas sobre as grandes fortunas portuguesas, fiquei tão revoltado que decidi ressuscitar por momentos o 7M para divulgar este documentário, vejam e reflitam:

Donos de Portugal from Donos de Portugal on Vimeo.

Um abre-olhos onde se explica a razão da nossa economia ter chegado onde chegou. Devia ser exibido em horário nobre na RTP. Ou na SIC, ou TVI...

domingo, novembro 13, 2011

Reformas? Não, cortes.

Quando ia a Lisboa costumava ir de comboio, pois para além de ser mais cómodo, acabava por sair mais barato do que levar o carro para dentro da capital, pois o custo do bilhete de comboio e metro acabava por ser menor que o custo do combustível, portagem e o custo do parqueamento.

Agora com o aumento brutal dos transportes públicos, fiz as contas e passou a ser mais barato ir de carro para Lisboa.

Ou seja, o governo está a passar a mensagem errada: Em vez de encorajar a população a adotar hábitos saudáveis, ecológicos e económicos (Transportes Públicos), incentiva o abuso da viatura particular, uma das razões para o descalabro em que nos encontramos.

Se aumentasse o imposto dos combustíveis e mantivesse o preço dos transportes públicos, incentivando assim o desmame do vício português por aquelas coisas grandes de quatro rodas que congestionam as nossas estradas, aí sim faria uma reforma com vista a um futuro mais sustentável.

Este é apenas um exemplo que este governo está a fazer cortes na despesa e não as tais reformas tão apregoadas.